Howard Gardner - Inteligências Múltiplas, - Biblioteca - Biblioteka - Library

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//-->G227iGardner, HowardInteligencias múltiplas: a teoria na prática / Howard Gardner; trad.Maria Adriana Veríssimo Veronese. — Porto Alegre : Artes Médicas, 1995.I. Psicologia cognitiva. I. TítuloCDU 159.92PARTE IA TEORIA DASINTELIGÊNCIAS MÚLTIPLASResumidamentePermitam-me transportar a nós todos para a Paris de 1900 -La BelleEpoque- quando os pais da cidade procuraram um psicólogo chamado AlfredBinet com um pedido incomum: Seria possível ele desenvolver algum tipo demedida que predissesse quais crianças iriam ter sucesso e quais iriam fracas-sar nas séries primárias das escolas parisienses? Como todos sabem, Binetconseguiu. Rapidamente, sua descoberta veio a ser chamada de "teste de in-teligência"; sua medida, o "QI". Como outras modas parisienses, o QI logochegou aos Estados Unidos, onde teve um modesto sucesso até a PrimeiraGuerra Mundial. Então, foi utilizado para testar mais de um milhão de recru-tas americanos, e tornou-se verdadeiramente célebre. A partir desse momen-to, o teste de QI pareceu o maior sucesso da psicologia - um instrumento ci-entífico genuinamente útil.Qual foi a visão que levou a esse entusiasmo em relação ao QI? Pelo me-nos no oeste, as pessoas sempre confiaram em avaliações intuitivas de quãoespertas as outras pessoas seriam. Agora, a inteligência parecia ser quantifi-cável. Você podia medir a altura real ou potencial de alguém, e agora, pare-cia, você também podia medir a inteligência real ou potencial da pessoa. Nóstínhamos uma dimensão de capacidade mental ao longo da qual poderíamosordenar todas as pessoas.A busca da medida perfeita da inteligência prosseguiu a passo acelerado.Aqui, por exemplo, estão algumas ofertas de uma propaganda de um testeamplamente utilizado:Você precisa de um teste individual que forneça rapidamente uma estimativa estável econfiável da inteligência em quatro ou cinco minutos por formulário? Que tenha trêsformulários? Que não dependa da produção verbal ou de instrumentação subjetiva? Quepossa ser utilizado com pessoas com grave deficiência física (inclusive paralisia), se elaspuderem sinalizar sim ou não? Que avalie crianças de dois anos de idade e adultos coma mesma curta série de itens e o mesmo formato? Tudo isso por apenas $16.00.INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS13Convenhamos, é uma afirmação e tanto. O psicólogo americano ArthurJensen sugere que podemos observar um tempo de reação para avaliar a in-teligência: um conjunto de luzes é aceso; com que rapidez o sireito reage? Opsicólogo britânico Hans Eysenck sugere que os investigadores da inteligên-cia deveriam observar diretamente as ondas cerebrais.Existem, é claro, versões mais sofisticadas do teste de QI. Uma delas é^ 3 ¿ h a m a d a de Teste de Aptidão Escolar (ScholasticAptitude Test- SAT). Ele pre-tende ser um tipo semelhante de medida, e se você acrescentar os resultadosverbais e matemáticos da pessoa, como freqüentemente é feito, você podeclassificá-la ao longo de uma única dimensão intelectual. Os programas paraos superdotados, por exemplo, muitas vezes utilizam esse tipo de medida; seseu QI é superior a 130, você é admitido ao programa.Eu gostaria de sugerir que juntamente com esta visão unidimensional decomo avaliar as mentes das pessoas vem uma visão de escola corresponden-te, que chamarei de "visão uniforme". Na escola uniforme, existe um currícu-lo essencial, uma série de fatos que todos devem conhecer, e muito poucasdisciplinas eletivas. Os melhores alunos, talvez aqueles com QIs mais altos,podem fazer cursos em que precisam utilizar leitura crítica, cálculo e habili-dades de pensamento. Na "escola uniforme" existem avaliações regulares,com o uso de instrumentos tipo papel e lápis, da variedade QI ou SAT. Elasconseguem classificações confiáveis de pessoas; os melhores e mais brilhan-tes vão para as melhores universidades, e talvez - mas apenas talvez - tam-bém obtenham melhores classificações na vida. Não há dúvida de que estaabordagem funciona bem para certas pessoas - escolas tais como aHarvardsão um testemunho eloqüente disso. Uma vez que esse sistema de medida eseleção é claramente meritocrático em certos aspectos, ele tem algo para re-comendá-lo.Mas existe uma visão alternativa que eu gostaria de apresentar - baseadanuma visão da mente radicalmente diferente, que produz um tipo de escolamuito diferente. É uma visão pluralista da mente, reconhecendo muitas face-tas diferentes e separadas da cognição, reconhecendo que as pessoas têm for-ças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes. Eu tambémgostaria de introduzir o conceito de uma escola centrada no indivíduo, queconsidera seriamente esta visão multifacetada de inteligência. Este modelo deescola baseia-se, em parte, nos achados científicos que ainda não existiam notempo de Binet: a ciência cognitiva (o estudo da mente) e a neurociência (oestudo do cérebro). É uma abordagem assim que chamei minha "teoria de in-teligências múltiplas". Permitam-me lhes dizer algumas coisas sobre suasfontes, suas afirmações e suas implicações educacionais para uma possívelescola do futuro.A insatisfação com o conceito de QI e com as visões unitárias de inteli-gência é bastante ampla - pensemos, por exemplo, no trabalho de L. L.Thurstone, J. P. Guilford e outros críticos. Do meu ponto de vista, entretanto,essas críticas não são suficientes. O conceito todo tem de ser questionado; defato, ele tem de ser substituído.Eu acredito que devemos nos afastar totalmente dos testes e das correla-ções entre os testes, e, ao invés disso, observar as fontes de informações maisnaturalistas a respeito de como as pessoas, no mundo todo, desenvolvem ca-pacidades importantes para seu modo de vida. Pensem, por exemple, nosmarinheiros dos mares do sul, que encontram seu caminho em t o m : i e cen-tenas, ou mesmo milhares, de ilhas olhando para as constelações cie estrelasno céu, sentindo a maneira pela qual um barco passa sobre a água e obser-14HOWARD GARDNERvando alguns marcos dispersos. Uma palavra para a inteligência nessa socie-dade de marinheiros provavelmente se referiria a esse tipo de habilidadepara navegar. Pensem nos cirurgiões e engenheiros, caçadores e pescadores,dançarinos e coreógrafos, atletas e treinadores de atletas, chefes e feiticeirosde tribos. Todos esses papéis diferentes devem ser levados em conta se acei-tamos a maneira pela qual eu defino a inteligência ^isto-é^como a capacidadede resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em umou mais ambientes culturais ou comunitários. Até o momento, eu não estoudizendo nada sobre a existência de uma dimensão, ou mais de uma dimen-são, da inteligência; nada sobre ser a inteligência inata ou adquirida. Em vezdisso, enfatizo a capacidade de resolver problemas e de elaborar produtos.Em meu trabalho, eu procuro os blocos construtores das inteligências utiliza-das pelos marinheiros, cirurgiões e feiticeiros acima mencionados.A ciência neste empreendimento, na medida em que ela existe, envolvetentar descobrir a descriçãocertadas inteligências. O que é uma inteligência?Para tentar responder a esta pergunta, eu examinei, com meus colegas, umamplo conjunto de fontes que, pelo que sei, jamais haviam sido consideradasjuntas anteriormente. Uma das fontes é aquela que já conhecemos, referenteao desenvolvimento de diferentes tipos de capacidades nas crianças normais.Uma outra fonte, e muito importante, é a inforrtiação sobre o modo pelo qualestas capacidades falham sob condições de dano cerebral. Quando alguémsofre um derrame ou outro tipo de dano cerebral, várias capacidades podemser destruídas, ou poupadas, isoladamente, em relação a outras capacidades.Esta pesquisa com pacientes com dano cerebral produz um tipo muito pode-roso de evidência, porque parece refletir a maneira pela qual o sistema ner-voso evoluiu ao longo do milênio para resultar em certos tipos diferentes deinteligência.Meu grupo de pesquisa também observa outras populações: prodígios,idiotas sábios*, crianças autistas, crianças com dificuldades de aprendizagem,todos aqueles que apresentam perfis cognitivos muito irregulares - perfis que' são extremamente difíceis de explicar nos termos de uma visão unitária deinteligência. Nós examinamos a cognição em diversas espécies animais e emculture^ dramaticamente diferentes. Finalmente, nós consideramos dois tiposde evidência psicológica: as correlações entre testes .psicológicos do tipo pro-duzido por uma cuidadosa análise estatística de uma bateria de testes e osresultados das tentativas de treinamento de capacidades. Quando você treinauma pessoa na habilidade A, por exemplo, esse treinamento se transfere paraa habilidade B? Nesse caso, por exemplo, o treinamento em matemática au-menta as capacidades musicais de alguém, ou vice-versa?Obviamente, ao observar todas essas fontes - informação sobre o desen-volvimento, sobre colapsos, sobre populações especiais e assim por diante -acabamos com uma quantidade enorme de informações. De modo ótimo,realizaríamos uma análise fatorial estatística, colocando todos os dados numcomputador e observando os tipos de fatores ou inteligências que são extraí-dos. Infelizmente, o tipo de material com o qual eu estava trabalhando nãoexistia numa forma suscetível à computação, e, assim, tivemos de realizaruma análise fatorial mais subjetiva. Na verdade, nós simplesmente estuda-* Idiota sábio (idiotsavant):Um indivíduo mentalmente deficiente com um talento altamenteespecializado em determinada área, tal como cálculo rápido, memória ou execução musical.(N. da T.)V [ Pobierz całość w formacie PDF ]

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